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domingo, 16 de abril de 2023

Qual é o Seu Modelo?

 

Uma realidade evidente em todas as pessoas é que temos modelos de quem queremos ser. O ser humano mais criativo e inovador tem em sua mente uma imagem mental de quem ele ou ela gostariam de se tornar. Esta é praticamente sempre ligada a pessoas reais ou imaginárias. Essa realidade humana é explicada na teoria de desenvolvimento chamada modelagem. A teoria descreve como um ser humano, especialmente em seus anos formativos, copia outros seres humanos que, por alguma razão, tornaram-se significativos em sua vida. Um exemplo muito simples foi de um amigo que descreveu que costumava fechar a gaveta de baixo da cômoda no quarto do filho empurrando com um dos pés. Algum tempo depois, ao entrar no quarto, viu seu filho de dois anos se esforçando para fechar a gaveta também empurrando com um dos pés, ainda que esta estivesse na altura de sua cintura.

“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (Filipenses 2.5).

Paulo, em sua carta aos filipenses, a partir do versículo 5 do capítulo 2, passa a descrever a atitude de Cristo, a qual deveria nortear nossas vidas. Afinal, em Filipenses 1.21 ele escreve: “Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”. Na sequência de artigos sobre essa carta, o trecho que gostaria de analisar hoje é Filipenses 2.5-8:

“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!”

Sua argumentação começa por declarar que nossa atitude, ou disposição mental, deveria copiar a de Cristo. Mais tarde na carta (Filipenses 4.8-9), Paulo vai voltar a falar do que deve ocupar nossa mente. Aqui ele se refere a uma atitude ou modo de ver o mundo que afeta diretamente como agimos e reagimos ao que nos toca. No último artigo (“Não Abaixe a Barra”), destaquei que, assim como numa competição esportiva de alta performance abaixar os padrões e marcas não beneficia as pessoas, também na vida cristã não solucionamos os desafios de crescimento abaixando o padrão. O padrão é Cristo e nada menos.

Nessa passagem de enorme profundidade, Paulo, no versículo 6, afirma que Cristo, embora fosse Deus (tivesse forma de Deus), não se apegou a essa sua característica. Um pouco mais tarde, no versículo 8, Paulo afirma que Cristo assumiu forma humana. Essa aparente contradição já foi assunto para polêmicas enormes ao longo da história da igreja. Especialmente se incluirmos a declaração no versículo 7 de que Cristo “se esvaziou”. O argumento herético era de que Cristo tinha uma forma (divina), mas esvaziou-se dela para assumir uma forma humana, portanto, em seu ministério e na cruz, ele não era verdadeiramente Deus.

O engano é facilmente explicado (e a tradução da NVI assim o faz) se observarmos que no versículo 6 a palavra grega usada é morphê (que tem o sentido de essência ou algo permanente), e no versículo 8 a palavra grega usada é schêma (que tem o sentido de uma condição temporária ou aparência). Dessa forma podemos entender que, mesmo sendo essencialmente Deus e nunca deixando essa forma, Cristo se esvaziou de sua glória para tornar-se como homem.

Ainda no versículo 6, Paulo declara que Cristo não se apegou à sua essência divina. Este é não só um exemplo, mas uma direção oferecida a cada um de nós. A instrução visando humildade usa do mais elevado modelo, Cristo, para nos chamar a não nos apegarmos a qualquer condição de honra ou glória pessoal, mas a desenvolver uma atitude em que estamos sempre prontos a abrir mão de nossa “glória” para servir aos outros.

A instrução visando humildade usa do mais elevado modelo, Cristo, para nos chamar a não nos apegarmos a qualquer condição de honra ou glória pessoal.

O último ensino usado por Paulo nesse exemplo de Cristo é o fato de que ele se humilhou e foi obediente. Obediência não pode ser separada de humildade. No momento do pecado original a (falsa) promessa da serpente é de que seríamos como Deus e que, como ele, poderíamos discernir o bem e o mal conforme nossos próprios padrões. A tragédia é composta pelo fato de que a Palavra declara em Gênesis 1.27 que fomos feitos à imagem de Deus. O que não tínhamos e nunca poderemos ter é a capacidade de decidir o bem e o mal. Dessa forma, toda vez que sou chamado a obedecer hoje, preciso me humilhar e reconhecer que há um Deus nos céus que é soberano, e somente ele pode definir o bem e o mal. Assim, submeto minha vontade, intelecto e discernimento a ele e posso com alegria obedecê-lo.

Minha oração é que Jesus Cristo seja o meu e o seu modelo. Muito mais do que ideologias e pensadores, que nosso alvo seja nos tornarmos como Jesus. Dessa forma podemos dizer como Paulo em Gálatas 2.20: “Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”.

Por: Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 24º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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