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sexta-feira, 19 de julho de 2019

Mulheres yazidis são forçadas a abandonar bebês nascidos de estupros de membros do Estados Islâmico

A etnia resolveu não aceitar as crianças filhas de muçulmanos extremistas.

Os terroristas do Estado Islâmico estupraram milhares de mulheres yazidis que foram mantidas como escravas sexuais em cativeiros. Após darem à luz, centenas delas estão sendo forçadas a escolher entre abandonar as crianças ou serem expulsas de suas comunidades.
Além de todo o sofrimento com os terroristas, as yazidis ainda são ameaçadas de não serem aceitas por sua etnia, caso levem para casa crianças que são filhas de seus captores.

Ao jornal The Telegraph, a yazidi Barfe Farho declarou que foi forçada a deixar sua filha Maria, de 11 meses, depois de ser informada de que não poderia ficar com a criança, caso quisesse voltar para o seu povo.

“Me disseram que ela não poderia ser aceita porque sempre seria uma ‘filha do Daesh [Estado Islâmico]’. Eles disseram: ‘devemos esquecer nossas filhas mortas pelo Daesh, para que você possa esquecer as suas'”, relatou.
Com 26 anos, a mulher pensou em seus outros dois filhos, Jegar, de 5 anos, e Jan, de 4 anos. Ela foi libertada de seu cativeiro em março e precisou fazer a escolha.
“Eu poderia dar uma boa vida a dois dos meus filhos ou uma vida ruim para todos os três”, declarou.
Desde a queda do califado em 2017, muitas das mulheres foram autorizadas a retornar às comunidades yazidis. No entanto, seus filhos nascidos de jihadistas – que se acredita serem centenas ou milhares – ainda são considerados muçulmanos e, portanto, não serão bem-vindos.
Farho foi capturada quando estava grávida e tinha um filho recém-nascido. Seu marido também foi capturado, mas foi levado embora. Ela, porém, foi mantida como escrava sexual de um comandante checheno, que é o pai de Maria.
Ao saber que ela estava grávida, o comandante tentou levá-la de volta para sua família no Iraque, mas foi executado por traição depois que seu plano foi descoberto.
“A cada minuto do nosso tempo, eu rezava para que todos morrêssemos juntos, para que não tivéssemos que viver outro dia”, disse Farho ao The Telegraph. “Eu não queria que meus filhos crescessem para me ver como escrava de alguém”, confessou a jovem.
Mas a decisão não foi fácil para Farho. “A pior parte é que ela nem saberá que tinha uma mãe que a amava muito. Eu queria que o terceiro estivesse aqui. Ela é uma parte de mim e o que aconteceu não foi culpa minha, eu nunca escolhi isso”.
Essas crianças abandonadas estão em um orfanato em Remilan, nordeste da Síria, e a instituição se comprometeu a cuidar das crianças até elas completarem 18 anos.
A assistente social Naz Allawi, que foi entrevistada pelo The Telegraph, diz que reza para que as mães voltem para reivindicar seus filhos.

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